sábado, 1 de dezembro de 2007

Que cheiro é esse?

A professora sai da sala gritando por não aguentar mais as gracinhas dos alunos, lhe parecia que um dos grupos encontrava motivo para risos nos cheiros vaporosos dos gases.
Ao serem questionados, negam e riem. Por fim, a situação que se instalou era um manifesto ao cheiro desagradável, que na verdade, vinha dela mesma.
Sobra o desconforto de ser indicada para orientar sobre a utilização de produtos de higiene pessoal. Amenizaria, talvez, ser falsamente educada ao ponto de presentear-lhe com um kit colônia, correndo o risco de ter o objetivo descoberto ou, quem sabe, o aroma que me agrada causar alergia na alegria dessa pessoa.
Isso faz pensar na classificação dos odores: agradáveis e desagradáveis. No entanto, mesmo alguns podendo ser controlados ou manipulados, os critérios para tal são demasiadamente subjetivos. Sem esquecer dos feromônios, os tais hormônios sexuais, que ativam a libido, causando uma excitação provocada pelo aroma liberado, o qual, inexplicavelmente, somente se sente o do outro.
O mais interessante, nisso tudo, é que alguns indivíduos parecem não sentir seu próprio olor. E por fim, não têm idéia do quanto outras pessoas se afastam delas durante uma conversa, nem sentem, portanto, como esse fato também faz com que o outro perca ou ignore seus desejos sexuais.
Há quem justifique o problema como uma relação mal resolvida, especialmente com alguém do sexo masculino, uma sexualidade com deficiência e ignorante. Pode ser também falta de água e sabão, por motivos tantos, dos ilários aos mais preocupantes. Como pode ser o excesso de perfume. E já disseram algum dia: “Esse não confia no próprio cheiro.”
Mas que cheiro é esse?
É tão diferente de pessoa pra pessoa, de homem pra mulher, de mulher pra mulher. A diferença é ainda maior quando é de criança, da rebelde puberdade, oscila entre os adultos e vai tendo outras características na velhice.
Alguns vão cheirar e beijar os pés de suas crianças, sem se importar com aquele azedinho inalado entre os dedos, enquanto torturarão seus iguais, pelas meias desagradavelmente aromáticas.
Quais os estímulos, externos ou internos, que provocam respostas – ou alterações dessas – tão particulares?

- Está sentindo o cheiro de queimado?
- Não. Estou sentindo o perfume de rosas.

- Como o banheiro dos meninos fede.
- Não sei, não sinto cheiro de nada.

O que há por trás da sensibilidade do nosso olfato que nos deixa insatisfeitos, apaixonados, intolerantes, desejosos, enojados, curiosos?
Porque certamente é, no mínimo, curioso ou estranho alguém dizer que você está com um perfume maravilhoso naquele dia, pergunta até o nome, e, não se usa perfume algum. Ou então, se alguém disser, simplesmente, para o outro: “Você tem cheiro de sexo!”
Que cheiro é esse?
Que cheiro é esse que o outro percebe, e quando se é o outro, também se sente?

Um comentário:

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira. disse...

Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 2007
Olá Marcinha!
Muito legal este seu texto sobre os cheiros. Ocorre que nossa sociedade reprime desde cedo o uso do olfato pelas crianças e depois adultos, deste modo, para muitos, como resultado de todo um processo educacional repressor, o olfato é negado e não valorizado em prol da visão e audição. Seu texto me fez lembrar do personagem Volverine cheirando a presença dos inimigos.
Grande abraço
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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