domingo, 23 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo... De novo?

Dizem que quem inventou o fim e o início do ano, foi alguém muito criativo, por ter a ideia de presentear as pessoas com um momento de renovação: da fé, da esperança, das expectativas, dos sonhos; da recuperação: do ânimo, da energia, das forças. Que todo ano... se perde?

Todo início de ano tem uma lista de possibilidades que desejamos ver realizadas e no entanto, todo ano é sempre a mesma coisa... Da lista, pouquíssimos sonhos se tornam realidade.

As mulheres começam a academia e logo se cansam. Os homens param de fumar e logo voltam. As crianças vão à escola com novos cadernos mas logo não escrevem mais neles. Os velhos planejam a viagem da vida e acabam saindo apenas para as consultas médicas e farmácias. Os jovens procuram um emprego e tão logo perdem a vontade de trabalhar. Alguns começam a faculdade e logo se descobrem velhos e cansados demais para continuar.

Que ano novo é esse que dura apenas uns dias ou um mês de férias? Que ano novo é esse onde desejamos tudo de bom para os outros e que os outros nos desejam em troca mas continuamos com uma lista enorme de pedidos em cada virada?

Se o ano novo dura apenas alguns dias, então, vou desejar a todos que façam tudo ao contrário neste ano de 2011. Que não tenham uma lista de sonhos, mas que tenham uma folha em branco para anotar tudo de bom que fizerem ou conquistarem nos longos e duradouros 365 dias do ano. Assim, chegarão ao fim do ano e poderão ver quantas coisas realizaram ao invés de lamentarem pelo que não conseguiram fazer.

E antes mesmo do ano começar, eu já fiz algumas anotações na minha lista:
01/01/2011 - acordei, dei uma espreguiçada booooa, abri os olhos, calcei os chinelos, escovei os dentes, tomei um demorado café da manhã em frente a televisão, sentada no sofá, com a bandeja sobre as pernas, assisti um filme baseado em fatos reais e me emocionei, acordei o filhote, dei-lhe um carinhoso beijo nas bochechas e disse-lhe: "Eu amo você!" e recebi um abraço apertado.

Puxa, se continuar nesse ritmo, vou ter um ano repleto de realizações e nenhum sonho frustrado.

Ei, onde vocês estão indo?

Ah, ok. Jogar fora suas listas de coisas para fazer. Então está totalmente explicado e justificado.

Só me resta dizer: espero que neste tal de "Feliz Ano Novo! Feliz 2011!" suas realizações sejam melhores do que todos os sonhos atrasados/acumulados.

Então bom Natal...

Diz a música que ano após ano as pessoas até já cansaram de ouvir. Cansaram a ponto de ficarem nervosas ao ouvir a voz da cantora.

E todos os anos, os homens gordinhos sofrem com o calor embaixo (ou seria dentro?) de suas vestes de bom velhinho.

E todos os anos é festa no Natal e no Ano Novo. Presentes, bebidas, comida. Tudo de bom e melhor, com a ajuda do 13º especialmente.

E todos os anos, as pessoas sorriem, reatam laços, fazem as pazes com Deus com os colegas de trabalho que não falaram durante o ano todo.

E todos os anos as pessoas se abraçam fazendo votos de desejos e sonhos possíveis e imagináveis.

E todos os anos as pessoas desejam Feliz Natal! Ho-ho-ho

Será que sabem e/ou conhecem o verdadeiro espírito natalino?

Então, por que será que essas mesmas pessoas, durante o restante do ano têm pressa, mas não se importam de ficar durante horas na fila de um shoping? Por que apenas nessa data, as pessoas se reúnem com suas famílias, casa cheia de crianças e durante o ano jantam na frente cada qual da sua TV?

Se apenas o Natal é Feliz... quero desejar aos meus amigos e conhecidos ótimas festas, que se empanturrem de tanto comer e beber, que soltem fogos, que abracem muito, beijem muito e não esqueçam da camisinha.

E que todos os anos, essa força, essa alegria que nos contagia nestas festas possam nos convidar a todos os dias sermos pessoas mais viventes no tempo presente e amantes da vida. E que esta seja, por si só, sempre um (e ao mesmo tempo, o nosso melhor) presente.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um dia quero ser...

Impressiona a forma e a dinâmica insensibilidade humana diante da própria vida. Porque raríssimos indivíduos presenciam seus momentos. A maioria está sempre adiante de lugar algum. Tornaram-se meliantes em si mesmos, evadindo-se do local.
Moribundos, em suas camas, dialogam com seus travesseiros implorando apenas mais uma chance de ser... Mas, um dia...
Seus pedidos são sempre tempo. Voltar no tempo. Aumentar o tempo. Correr contra o tempo.
No calendário pregado na porta da cozinha, data um médico, uma lua cheia, saldões de dezoito vezes sem juros. Sinaliza um encontro, uma festa, um show. Um velório. Talvez até o enterro da vontade própria.
Um dia se quer ser gente com dinheiro no bolso. Um dia ser quer ser dono de carro na garagem. Um dia se quer ser livre para viajar pelo país. Um dia se quer ser chefe de família. Um dia se quer ser... Mas um dia ainda se quer ser... Tantas coisas. Tantas especialidades.
Só não se quer ser sujeito cheio de subjetividades.
Levei muitos anos de uma vida que acreditava ser inteira, que talvez não seja nem a metade, ou esteja próxima do fim, para descobrir que um dia quero ser um conjunto de idades acumuladas dos eus que sou em todos os agora. Pois é onde todos os meus sentidos se manifestam através de um corpo que é cego, surdo, mudo e insensível.