sábado, 24 de novembro de 2007

Diferenças

Início de ano é sempre igual e diferente. Igual na expectativa, na idealização dos sonhos, na esperança das concretizações. É diferente, porque não somos mais os mesmos do ano anterior, aumentam-se os dias e, com eles, nossos anseios, recordações, nossas experiências humanas e nossas vivências mundanas.
Algumas idades são carregadas de pensamentos contraditórios ou de ações involuntárias. Outras fazem dos minutos, um eterno adormecer. Mas ainda há aquelas que lutam, resistem e mostram a face ao tapa.
Nessa mistura de números e gênios, a sensação de estar só assusta mais de um e menos de muitos.
Enquanto o mundo presencia uma guerra fria, as armas contra a ideologia escolhem a si mesmas mas isso não tem importância no atual contexto globalizado e altamente tecnológico.
As ruas estão poluídas, em todos os sentidos. Os maltrapilhos fantasiados de zumbis acreditam estar vivos pelo simples fato de estarem em movimento. Por todos os lados, o cheiro de sangue é inalado e a dor se disfarça no prazer, enquanto o sofrimento agoniza trancado dentro do ser.
Onde ficam todas as promessas de mudança? Foram lançadas ao vento para não correrem o risco de serem quebradas? Estarão protegidas entre chaves e correntes? Do quê? De quem? De você, de mim ou de ninguém... Talvez elas tenham deixado de existir já que não puderam atravessar a ponte da prática.
Se fosse possível abrir todas as atrocidades com um bisturi holográfico... Se fosse possível? Não é impossível. Talvez o façamos com tamanha facilidade... E, no entanto, negamos aquilo que vemos e costuramos as incisões deixando pequenas, grandes, simples ou horrorosas cicatrizes. Estas marcas, podemos encobrir com tatuagens, porém, saberemos que elas continuam lá mascaradas nas cores de nossa angústia.
Não é suficiente entender a diferença entre um canudo de pano, de papelão, de plástico ou de metal, para que as luzes do palco sejam refletidas nos fios de ouro e prata que brilham em suas vestes formais. Também seria medíocre santificar todas as causas e condições num sistema superior enquanto as lágrimas turvam os sentimentos de uma conquista banal.
Só tem valor os holofotes quando eles não estão presentes ofuscando o olhar e desviando a atenção da superficialidade para a inutilidade.
O sucesso só tem razão de ser quando as ações estiverem de mãos dadas com o saber e os corpos movimentarem-se além da física, num ritmo onde o fazer possa acontecer e a diferença seja apreciada e percebida.
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Dedicado à aluna Valkyria Karpinski, do Colégio Dr. Décio Dossi, 2007.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei o que dizer... Mas sei o que posso fazer!
Vou guardar como uma relíquia, não escondida para que ninguém saiba onde está e nem aparente demais para que perca seu real valor.

Gostei muito. Vc tem jeito para poesia, e o seu tipo de poesia me encanta porque faz pensar, não é como as mais comuns que apenas estão voltadas ao amor, aos sentimentos diversos.
Obrigada pela dedicatória.
Beijos e muita inspiração.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira. disse...

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2007
Olá Marcinha!
Querida amiga, como sempre você nos surpreende com seu discurso muito bem estruturado e articulado e com idéias bem planejadas e marcadas pela profundidade que nos apontam múltiplas significações que poderão ser encontradas e compreendidas no âmago de cada um.
Abraços
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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