domingo, 28 de outubro de 2007

Bodas de papel

Para lembrar aquele dia, os registros são muitos: álbuns e cds de fotos, vídeos, pôsters, convites, além dos comentários dos parentes sobre a festa, o vestido da noiva, o suor do coitado do noivo.
Passam os dias, os meses, enfim, um ano de união. É hora de comemoração, mais modesta que aquela, algo particular, somente para os dois.
Logo que o celular desperta, Ela espera a iniciativa dEle de lembrar que dia é aquele, mas Ele levanta, escova os dentes, veste o paletó e sai para o trabalho. Ela chora, grita, se descabela toda, porque Ele esqueceu. Isso não poderia ter acontecido, a não ser que Ele não gostasse mais dEla. O mundo começava a desabar sob seus pés.
O telefone toca, só pode ser Ele, pedindo desculpas pelo esquecimento, ou uma telemensagem. Do outro lado da linha, a mãe pergunta qual foi o presente do primeiro aniversário de casamento. Seu pranto enlouquece e acaba desaguando durante a ligação.
As horas demoram para passar, mas quando passam, o homem causador de suas lágrimas retorna, muito após o horário costumeiro e não estava na empresa fazendo hora-extra, porque a essas alturas, Ela já havia ligado perguntando por Ele. Assim que a porta abre, Ela o recebe com a vassoura na mão e gritos, questionando o nome da outra. Sem entender, e vestido com uma samba canção de jornal, Ele simplesmente responde: “Querida, feliz bodas de papel!”

Um comentário:

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira. disse...

Oi Marcinha!
Nem todos os homens e mulhres esquecem, nem todos os homens e mulheres lembram. Uma coisa tão simples, uma data, um dia, que pode ser comemorado a cada mês. Todo dia X, todo dia Y, todo dia 17, 21 e por aí vai...
Eu penso que é uma questão de personalidade e que as agendas estão ai para quem não tem boa memória.
Abraços
Silvério.