Filhos do carnaval

Reparando a lista de aniversariantes do mês, é significativa a quantidade de datas comemorativas. Calculando uma regressão aproximada de uma gestação, lembrei da minha gravidez e, anterior a ela, os três meses de tentativas para concretização do maternal lado feminino. Como era querido aquele estado, transforma-me de filha para mãe. Quantas assim desejam num resultado negativo. Outras sequer imaginam-se com um pedaço de si mesmas nos braços após algumas dezenas de semanas, no entanto, no papel, sinal positivo. Tem as que tornam-se notícia jornalística pelos atos considerados antiéticos, mesmo dentro desta sociedade capitalista.
Contudo, isto também me lembra a parte negra de minhas dúvidas, agigantando as inquietações antes desconhecidas. Por mais de umas vezes, em resposta as minhas curiosidades, eles admitiam o desejo de tornarem-se pais, apesar do momento inoportuno.
Como sempre, tem alguém disposto a sugar sua fragilidade e derrotar-lhe os preconceitos, fazendo a visão de uma família que nasce perfeita e caminha na fragmentação dos diálogos, na desestruturação e na separação dos indivíduos se deteriorar diante de novos aspectos: agir como fruto de um gozo sexual ou resultado das uniões joviais; estar em movimento devido aos sucessos cojugais cujas mãos se entrelaçam aos medicinais; servir de resistência à indignação nos atos e imagens rebeldes; ser único em constante transformação, negando velhos paradigmas comportamentais e de pensamento; existir das festividades, da reconciliação do casal ou pelo simples fato de sermos filhos do carnaval.